terça-feira, 31 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] JACKSON BROWNE These Days

Este singer-songwriter norte-americano - apesar de ter nascido na Alemanha - inexplicavelmente acabou não se tornando um artista mundialmente consagrado. Alguns críticos, o acusam de ter seguido uma linha única ao longo da carreira, fato comprovado na sua vasta discografia.

Mas, para quê mudar? Se Browne é um gênio no tipo de música que faz!

Clyde Jackson Browne nasceu em Heidelberg, filho de americanos, aos três anos desembarcava em Los Angeles, com 15, começa a cantar música folk e aos 18, ingressa no Dirty Nitty Gritt Band, ótima banda de country e bluegrass. Em 1971, inicia uma sólida carreira solo, criando sucessos próprios e emprestando outros, como Take it Easy (em parceria com Glenn Frey), hit com o Eagles.

These Days - a faixa em questão - foi escrita ainda na época do colégio. Nela, ele revela toda a sua amargura, expõe a angustia e relembra seus fracassos, como se projetasse o futuro que estava por vir. Browne passou um período turbulento no ápice da carreira, com a morte de sua primeira esposa, que se suicidou aos 30 anos, por overdose de barbitúricos.

Entre 1973 e 1977, viveu sua fase mais fértil, deixando álbuns fabulosos como: "Late For The Sky", "The Pretender" e "Running on Empty", se consolidando como um artista completo. Mesmo com uma voz cativante, o dom especial para compor e tocar piano, somado ao talento incomparável para criar arranjos atraentes, não o faziam uma unanimidade entre os críticos..

Nas décadas seguintes seus álbuns foram perdendo o brilho, ao mesmo tempo, ele passa criticar o governo americano, protestando através da música ou participando de organizações contra guerras e usinas nucleares, chegando a ser preso. Teve também um conturbado relacionamento amoroso com a atriz Daryl Hannah. 

O vídeo selecionado abaixo mostra o artista já veterano em 2005, no Kokua Festival, evento realizado anualmente em Waikiki, no Hawaii.

Numa cadeira de madeira, o trovador e seu violão, velho companheiro, canta e toca macio. Tranquilo, como um mestre solitário passando aos discípulos toda a experiência adquirida no espinhoso caminho que trilhou. De repente, um jovem empunhando seu trompete, rouba a cena, desnuda a alma de Browne, decifrando e expondo toda a tristeza nele contida.

Num breve diálogo, tenta consolá-lo... Num singelo olhar, Browne sugere que continue...

Eu estive andando... eu não falo muito... esses dias, esses dias...esses dias eu pareço pensar bastante...
Por favor não me cofronte com meus fracassos... eu não esqueci deles...


Artista: Jackson Browne
Canção: These Days (faixa 5)
Álbum: For Everyman
Compositor: Jackson Browne
Ano: 1973
Selo: Asylum

sexta-feira, 27 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] ECHO And The BUNNYMEN Going Up / All That Jazz

Ícone de uma geração, os ingleses do Echo And The Bunnymen, souberam sintetizar a limpidez pop dos Beatles com a fuligem punk dos Pistols. Em seus primeiros álbuns a banda consegue criar uma estrutura densa para suas composições, a música do Echo era direta, franca, sem enfeites.

Se a posição geográfica os fez serem guiados pela pela cena inglesa da época, as ondas sonoras vindas da América os trouxeram a psicodelia bruta dos Doors. O resultado foi fabuloso!

Três anos após o lançamento do álbum de estréia - o obrigatório Crocodiles - o Echo já era um fenômeno praticamente nos quatro cantos do mundo. Suas apresentações eram instigantes, provocavam histeria, tornando-os uma das bandas mais cultuadas dos anos 80.

O clima sombrio, se contrapondo com a urgência imposta pelos quatro rapazes de Liverpool, de fato impressionava. McCulloch envolto numa névoa sinistra, declamava suas poesias abstratas. Pattinson e Sergeant, emergiam na escuridão dando peso e ritmo, enquanto Pete de Freitas, martelava sua bateria com força, cadência e competência invejáveis.

A música escolhida poderia ser uma de suas clássicas, como: The Killing Moon, talvez Back of Love, ou quem sabe Seven Seas, Never Stop, Rescue, entre muitas outras. Mas, para ilustrar, pincei Going Up faixa que abre o seu primeiro álbum, e abria também seus shows até meados de 1986. Aqui, ela aparece numa versão adicionada de forma ininterrupta a All That Jazz, do mesmo álbum.

As imagens que você vai acompanhar abaixo, capturam com fidelidade como eram os concertos dos Coelhinhos. Em julho de 1983, no lendário "The Royal Albert Hall" em Londres - inaugurado em 1879 - eles pisam no palco ao som de cantos gregorianos.

Não saia do lugar... a magia vai começar!!!


Artista: Echo And The Bunnymen
Canções: Going Up (faixa 1) e All That Jazz (faixa 9)
Álbum: Crocodiles
Compositores: Ian McCulloch / Will Sergeant / Les Pattinson / Pete de Freitas
Ano: 1980
Selo: Korova

domingo, 22 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] MATTHEWS SOUTHERN COMFORT Woodstock

De 1969 até hoje, provavelmente tudo já tenha sido falado, dito e escrito, sobre o lendário Festival de Woodstock. Mas, segundo David Crosby, ninguém capturou tão bem o sentimento e a importância daquele final de semana chuvoso, como Joni Mitchell.

Ela compôs Woodstock sozinha num quarto de hotel em Nova York, assistindo as históricas apresentações e relatos do seu namorado na época, Graham Nash, do Crosby Stills and Nash.

A bela canção foi gravada por vários artistas, incluindo ela própria, no álbum "Ladies of The Canyon", e pela banda de Nash, no essencial "Déjà Vu", ambos em 1970.

Assim, como Joni Mitchell foi a pessoa que melhor escreveu, acho que o Matthews Southern Comfort - estupenda banda do inglês Ian Matthews - foi, a que melhor interpretou esta canção. Ian, participou do Fairport Coonvention, depois criou o Southern Comfort. Neste projeto, ele mistura na dose certa, o country americano ao seu folk-rock britânico.

A versão que você vai ouvir abaixo, chegou ao primeiro lugar na parada de singles do Reino Unido em 1970 e, em décimo primeiro na Billboard no mesmo ano. A voz de Matthews é suave, ela desliza macia sobre o belo arranjo arquitetado pela banda, te deixando com a sensação de estar plainando sobre a fazenda de Max Yasgur, em pleno 1969.

"Deparei-me com um filho de Deus... Ele estava andando na estrada... Quando eu lhe perguntei onde você está indo... Ele me disse... Eu estou indo para o rancho de Yasgur... Estou indo entrar numa banda de rock and roll... Vou acampar na terra... Vou tentar libertar a minha alma..." - Joni Mitchell


Artista: Matthews Southern Comfort
Canção: Woodstock (faixa 1)
Álbum: Later That Same Year
Compositora: Joni Mitchell
Ano: 1970
Selo: Decca / MCA Records

INFORMAÇÕES E CURIOSIDADES DO FESTIVAL

Nome original: Woodstock Music & Fair Art
Data: 15 a 18 de agosto de 1969
Local: Fazenda de Max Yasgur, em Bethel, NY (próxima a Woodstock, cidade onde seria realizado o evento, mas teria sido vetada pela população local)
Público aproximado: 500,000 pessoas (foram vendidos 186,000 ingressos antecipados, mas compareceram quase o triplo a mais, provocando enormes congestionamentos e invasão do local)
Preço do ingresso antecipado: 18 dólares (aproximadamente 75 dólares atuais)
Preço do ingresso na hora: 24 dólares
Incidentes: Foram registradas duas fatalidades, uma morte por overdose de heroína e outra por atropelamento de trator. Também aconteceram dois partos e quatro abortos.
Principais artistas: The Who, Creedence Clearwater Revival, Santana, The Incredible String Band, The Band, Jefferson Airplane, Grateful Dead, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Crosby Stills Nash & Young, Joan Baez, Ten Years After, Canned Heat e Joe Cocker.
Recusaram convite: The Beatles, The Doors, Led Zeppelin, The Byrds, Jethro Tull, Moody Blues, Bob Dylan e Joni Mitchell.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] The ORBANS When We Were Wild

Os Orbans são caipiras, posicionados demograficamente do outro lado do Rio Colorado. Nasceram em Fort Worth, hoje um importante centro comercial, antes o lendário Velho Oeste americano, com seus tradicionais saloons, e cowboys com chapéus de aba reta e copa alta.

Depois de dois anos de apresentações locais concorridas, conseguiram lançar - em 2010 - de forma independente seu primeiro álbum, When We Were Wild, um sincero retrato da capacidade e qualidade que este quinteto carrega.

As canções escritas por Peter Black - o carismático cantor do Orbans - adicionadas aos arranjos elaborados pela banda, tingem o velho folk-rock com cores cintilantes, te fazendo imaginar uma fusão entre o REM e os Beach Boys.

O vídeo disponível abaixo foi gravado no "Panhandle House", um lugar atraente, aparentemente abandonado, que revela uma aura incomum.

A música começa com um orgão hipnótico, criando o clima para Peter Black e seus comparsas nos envolver. Eles estão se divertindo, sem pressa, vão te levando para um lugar agradável, bem longe daqui. A canção poderia demorar uma eternidade que estaríamos ali, nos divertindo também.

No final, as lâmpadas começam a piscar, tamanha a energia liberada pelos rapazes.

Vida longa aos Orbans!!!


Artista: The Orbans
Canção: When We Were Wild (faixa 8)
Álbum: When We Were Wild
Compositor: Peter Black
Ano: 2010
Selo: Sheffield

domingo, 15 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] BADFINGER No Matter What

A história desta banda fantástica foi marcada por inúmeros problemas. Foram contratados pela lendária Apple, numa época em que a gravadora estava em péssima situação financeira. Os Beatles haviam acabado de se separar, e o Badfinger tinha tudo para ser seu grande sucessor.

Talento não faltava à estes jovens britânicos, na Apple entre 1969 e 1973, gravaram quatro álbuns, sendo dois obrigatórios (No Dice e Straight Up). Em 1974, seguiram para a Warner, lá criaram mais dois ótimos álbuns, mas atritos com o empresário do grupo, gerou problemas internos, e com a nova gravadora, que resolve dispensá-los.

Com a situação financeira arrasada - o empresário havia fugido com todo dinheiro do grupo - o líder e gênio Pete Ham, aos 28 anos, com a esposa grávida, comete suicídio em sua própria casa. Quatro anos depois o Badfinger tenta renascer, grava mais dois álbuns, só que sem o glamour dos trabalhos anteriores.

Em 1983, depois de uma forte discussão por telefone com o guitarrista Joey Molland, Tom Evans, outro criativo compositor e baixista da banda, faz o mesmo que Pete fizera oito anos antes.

Uma estupenda banda que jamais desfrutou do sucesso que merecera, agora nos resta apenas apreciar o legado deixado por eles, que segue intacto, sem nenhum resquício, dos vários problemas enfrentados na longa e trágica caminhada.

No vídeo abaixo veremos uma performance sensacional do Badfinger em 1972, no "Set of Six", um programa da tevê britânica Granada, onde se torna impossível não reconhecer o talento destes quatro rapazes.

A magia aparece logo nos primeiros acordes de No Matter What, uma furiosa canção de amor, que te dá a dimensão exata do estrago que seria feito, se esta banda explodisse da maneira que era para ser.

oh girl... you girl... want you.


Artista: Badfinger
Canção: No Matter What (faixa 5)
Álbum: No Dice
Compositor: Pete Ham
Ano: 1970
Selo: Apple

terça-feira, 10 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] CAMERA OBSCURA Honey In The Sun

É inegável que tenho uma queda por artistas escoceses, acho que eles têm uma sensibilidade rara para produzir melodias pop adocicadas, porém, distantes há quilômetros e quilômetros do descartável.

O Camera Obscura faz parte desta linhagem, suas melodias são encantadoras, eles usam gentis arranjos de metais e cordas, que servem como moldura para a voz suave e inocente de Tracyanne Campbell.

Que, não por acaso, com seu estilo e corte de cabelo sessentista, parece ter saído direto da Carnaby Street, na época da Swinging London, em que esta rua londrina ditava a moda e o comportamento para o resto do mundo.

Na luminosa Honey In The Sun, Tracyanne aproveita para desabafar sua decepção amorosa, através de versos inocentes, como num diário romântico, ela mostra seu coração despedaçado.

A sonoridade desta canção pop aguça teu olfato, te fazendo sentir uma branda fragância dos bons tempos da Motown. A produção poderia ter sido tranquilamente confeccionada por Phil Spector, ou interpretada pelas Ronettes, por exemplo!

Tente não se render!

I Wish my heart... was cold, but it´s warm... than before...


Artista: Camera Obscura
Canção: Honey In The Sun (faixa 11)
Álbum: My Maudlin Carrer
Compositora: Tracyanne Campbell
Ano: 2009
Selo: 4AD

domingo, 8 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] The BEATLES Let it Be

Ninguém melhor para homenagear esta data tão especial, o Dia das Mães, como os Fab Four.

Estes garotos de Liverpool foram responsáveis por gerar uma gama incontável de seguidores, influenciados pelo seu modo especial de compor e sua magia de tocar, transformando a música pop, para antes dos Beatles e depois deles.

A faixa escolhida é Let it Be, esta canção composta originalmente por Paul McCartney - apesar de ser creditada à Lennon & McCartney - foi gravada em 1969 e posteriormente lançada em 1970 no formato de single sete polegadas, alcançando o primeiro lugar das paradas americanas.

Apesar de Let it Be parecer ter uma conotação religiosa por Paul citar "Mãe Maria" (Ave Maria), na verdade trata-se de uma homenagem feita à sua mãe, Mary Patricia Mohin McCartney, falecida em outubro de 1956, vítima de câncer.

Macca revelou em sua autobiografia, que teve visões de sua mãe dez anos depois de sua morte, através de um sonho, se dirigindo à ele e sussurando algo como: "vai ficar tudo bem" ou "deixa estar".

"Eu não me lembro se ela usou a frase ‘Let it be’ (Deixa estar), mas era o sentido do seu conselho. Eu me senti muito abençoado por ter tido aquele sonho" - disse Paul.

Paul contou que na mesma noite, acordou com a melodia pronta na cabeça:

Let it be, let it be... let it be, let it be... whisper words of wisdom... let it be.

No vídeo abaixo veremos: Paul McCartney no vocal principal e no piano, George Harrison e John Lennon, ao lado de Yoko Ono, nas guitarras e nos apoios vocais, além do convidado Billy Preston, tocando orgão.

Arrepiante!!!


Artista: The Beatles
Canção: Let it Be (faixa 6)
Álbum: Let it Be
Compositores: John Lennon e Paul McCartney
Ano: 1970
Selo: Apple Corps

quarta-feira, 4 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] WILCO War on War

Trago mais uma banda se apresentando no programa "Late Show" comandado por David Lettermen, diga-se de passagem, imitado descaradamente pelo nosso Jô Soares, mas, isso é uma outra conversa.

No caso do Wilco não há pastiche, existe sim, uma aparência clara de que suas raízes estão fincadas no rock californiano setentista, já o fruto, visível, é dotado de originalidade, exibe um frescor com aroma natural e ao mesmo tempo modernista.

O nascimento aconteceu em 1994, quando o excelente Uncle Tupelo se dividiu em dois. Um dos cantores, Jay Farrar, formou o ótimo Son Volt, enquanto Jeff Tweedy e os outros três integrantes, fundaram o Wilco.

Nessa nova empreitada, eles conseguiram como poucos absorver a agressividade dos Replacements e a rusticidade de Gram Parsons, condensando um som levemente country, levemente psicodélico, e, levemente alternativo, mas simplesmente único.

A apresentação que você vai assistir abaixo, foi realizada no atraente auditório do "Late Show", é neste clima aconchegante que os rapazes de Chicago executam a encantadora War on War, uma canção que traduz bem o processo criativo do Wilco.

"Guerra dentro da guerra", faz referência implícita ao atentado no World Trade Center.

Confiram:


Artista: Wilco
Canção: War on War (faixa 4)
Álbum: Yankee Hotel Foxtrot
Compositores: Jeff Tweedy e Jay Bennett
Ano: 2002
Selo: Nonsuch

domingo, 1 de maio de 2011

[Vídeo do Dias] TEENAGE FANCLUB I´ll Feel A Whole Lot Better

Os acordes simples desta vibrante canção, originalmente composta e gravada pelos Byrds, uma das bandas mais criativas dos anos 60, ecoaram fortemente na forma de compor das futuras gerações do rock.

Volta e meia, seu subconsciente ao captar uma melodia, te avisa: - Quem criou isto foi: The Byrds, em I´ll Feel A Whole Lot Better.

A música se refere de forma sarcástica ao relacionamento abalado de um casal, como supõe o refrão: "Eu provavelmente vou me sentir muito melhor quando você for embora". Antes de fazer parte do álbum de estréia da banda, ela foi lançada como "lado b" do single All I Really Want To Do, e acabou se tornando um sucesso regional, posteriormente nacional, alcançando o 103º lugar da parada norte-americana Billboard.

Apesar de alguns artistas já terem gravado, como Tom Petty em "Full Moon Fever" de 1989, ou o Dinassaur Jr e os The Shambles, em tributos distintos ao The Byrds, escolhi os escoceses do Teenage Fanclub, uma das minhas bandas prediletas, para representar I´ll Feel A Whole Lot Better.

A versão que você vai assistir foi registrada em 1995 no "The White Room", programa da tevê inglesa, comandado pelo apresentador, DJ e músico Mark Radcliffe, que era exibido na metade da década de 90, e trazia uma curiosidade: o público convidado só podia se vestir de preto e branco.

Num cenário simples e com a platéia bem próxima, os dois cantores formidáveis do Teenage - Norman Blake e Gerard Love - mostram toda sua capacidade em reproduzir as belas harmonias antes criadas pelos Byrds, captando como poucos, a essência radiante e exuberante que esta canção oferece. Divirtam-se!!!


Artista: The Byrds
Canção: I´ll Feel A Whole Lot Better (faixa 2)
Álbum: Mr. Tambourine Man
Compositor: Gene Clark
Ano: 1965
Selo: Columbia